Fronteira das Juras
Te prometi exemplares reedições do meu ser
Fui querida por ti em textos ilusórios demais
Minha caneta é de pena mas sustenta rugas
E em minha face calejada pressinto amargor
Vós dissecas minhas frases e eu te desprezo
Fui longe, em avenidas sílabicas, gaguejando
Pensando se você encanta em versos magros
Reescrevendo fôlhas perdidas ou fúteis dores
O meu destino manuscrito em tintas amargas
Para as noites desse bem entregue ao destino
Quis a felicidade em romÂnticas veias frágeis
Numa letra nervosa, decaída, muito relaxada
Embora fossemos distantes desejei sua carta
Nunca enviada, sempre enjeitada, em farpas
A sua insone desfeita em muito perdeu letras
Te peço perdão de lábios traídos em enganos
Perdida e inexplorada na selva de cimento vil
Em minhas missivas despejo o tempo ilusório
Na esperança de que respondas por decretos
Em juras de farto zelo, sem essa má fronteira
Em minhas palavras no papel te implorei azul
Ao menos em vermelho muito se escreve mal
Ah, na pena manchada em falsa alegria viste!
O meu presentir dúvidas enfeita muitas côres
Ah, tu me fizestes pequenina reinante insone!
No canto de meu aparador tens as revelações
De minha parte em breve em escrituras raras
Eu farei de ti um responsável por tal emudecer
E nos verbos ciumentos de ação tirarei versos
Cantados nos certificados de intensa literatura
Me pouparei do vexame de tão moça rendição
Quando cedo ou tarde o deixarei sem rancores
E para esquecer-te de mim falsificarei rastros
Acalentando os astros distantes que desespero
Pedindo de tua parte o esquecimento desertar
Mais ao horizonte pretérito reaqueço desprezo
Para jamais te pedir a fala reeditada em carta
Nunca a permitir que seja a última predicação
Em restos de pedidos esse retorno injustiçado
E afinal emudeço as mãos e amparo o bocejar
Te escreverei um relato sozinha em despedida
Nunca mais, nunca mais, deveras nunca mais!
Adeus insolente silencioso, pérfido empecilho!
Adeus relutante amador de armadilhas vagas!
Até nunca, ingênuo emudecido, cego destemor...