A Cruzada dos Poetas
Não sei
se ainda sei escrever,
se ainda sei falar comigo ou
se consigo me olhar como sou.
Não vejo mas
magia em meus olhos,
nem sinto mas em mim
aquela forte inocência de quem
mudaria o mundo,
de quem acreditava em tudo,
de quem vivia e morria por amor.
Sinto falta uma época
em que se havia poesia em sofrer,
em que a dor dilacerava a alma,
cortava tão profundo que chegava dar prazer.
Sinto falta do impossível, do irreal,
de tudo que era verdadeiro e ingênuo,
suave e amargo, puro e passional,
de todas as incertezas reais...
É triste perceber que os poetas se foram
numa eterna cruzada e que
já não há mas nada do que se falar...
já não há inspiração...
já não há mas amor...
depereira