Poema esquecido

Não sei se mexo no traço

Não sei se mudo o contexto

Quem sabe eu desarme o jogo

E me esconda atrás da rede

Quem sabe eu rearme o jogo

E tente saciar a sede

Não sei se mudo o andamento

E me jogo na parede

Quem sabe o passo que não dei

Seja o caminho que procuro

Quem sabe se é lá que eu sei

Que me aguarda o meu futuro

Não sei se mexo na forma

Ou formo outra expressão

Quem sabe se alteando a nota

Consiga entender o tom

Que toca com o estribilho

Que sai quente igual leite

Que alimenta tantos filhos

quantos o mundo os aceite

O traço, a forma e o gesto

São feitos de movimento

Que procuram não estar parados

e fundem-se, então, ao tempo

Que sempre é implacável

e sempre é decisivo

Na hora da gente ser velho

Na hora de ser menino

E o tempo esculpe o verbo

E o verbo transborda o traço

O traço que forma o rio

Do verso que eu não descarto