Letargia

LETARGIA

Hoje não quero falar de amor.

Sinto o mesmo cansaço de antes

Meus dias se passando todos iguais

Nada muda neste quartel de Abrantes.

Quero meus pés descalços no mato,

Meus pés nus no asfalto.

Quero uma cama branca,

Emoldurada com cortinas douradas.

Posso querer fazer tudo,

Posso até fazer nada.

Quero uma mulher fogosa,

Com muita sede de sexo.

Que arranque os botões brancos,

Da minha camisa amarela.

Quero você nas tardes quentes

De domingos, na cama,

Pois decidi não estragar minha vida

Com esta minha raiva profana.

Não quero o gesto brusco de uma luta

Nem quero o ego exaltados dos prefácios.

Quero poesia tecida do banal,

Imagem angelical,

Do pretérito social.

Eu queria... Isso eu queria,

Um minuto do teu silêncio,

Para recitar minha poesia!

PoetaDosErmos.