Nuvem Carregada

Oh chuva primaveril, regue meus pensamentos

Adube o intelecto sombrio que em mim nasceu

E destroce meus demônios em mil fragmentos

Para amainar, plante-me a lira semelhante a Morfeu

Carregue meu corpo incauto para longe daqui!

Transmute o olhar raso que me servem os olhos

Levando ao meretrício hermético, o qual eu morri

E penetrei na letárgica construção dos poros

Não suporto mais ser a ameba que me criou

Nem o verme maldito que sou

E menos o ser rastejante que passou

Cobiço o vazio e o perverso,

Antes o nada ao diverso

Pois sou o arauto do Universo.