DE PRIMAVERAS ME ENFEITO

De primaveras me enfeito

para as tristezas espantar.

Será que tem jeito?

Saudade plantada no peito,

um dia, quem sabe,

deixará de brotar?

Quero a vida assim, sempre lilás.

Aliás, quero todas as cores,

todos os sonhos, mil amores.

Desejos tolos de quem

só tem desamores.

Meus olhos tão tristes,

distante horizonte,

por que tu insistes

em não me notar?

Tristeza, saudade, solidão:

raízes profundas se espicham e medram por todo o lugar.

Então, na flor dos meus cabelos

eu planto primaveras.

Mas, o que são primaveras,

senão perfumes de espera

de outonos que vão chegar?

Minha ousadia são essas pétalas de poesia

que olhos menos tristes que os meus

haverão de contemplar.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 15/02/2014
Código do texto: T4691865
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