Virando a esquina
A terra perfeita que imaginei
além da fronteira que também criei
Ainda está ali, bem ali
virando a esquina...ao final da rua.
É só calçar os chinelos velhos,
vestir aquela camiseta usada,
e sair daqui sem bagagens.
Se quiseres ir, estás convidado
e nem precisa de nada formal.
Ali ninguém vai notar o que vestires
se tens rugas ou não...
se teus cabelos estão brancos
se és moço envelhecido
se és velho rejuvenescido
se estás desanimado da vida
se estás conformado com o que és
ou, se buscas ser o que não és...
Porque a terra de minha imaginação
te abrigará com ternura
quem quer que sejas neste mundo.
Basta ter um coração simples
um "olhar de primeira vez"...
passos leves de criança
e muita, muita, esperança.
Basta que tu saibas caminhar
e se acaso não puderes
o vento vai te levar.
Pensa bem...é só virar a esquina
e munir-te de um só pensamento.
Não tem nada que te impeça
nem apegos te prendendo...
Deixa tudo, atravessa a fronteira,
fecha a página do livro
desliga os aparelhos da ilusão
que seja por um minuto
ou poucos segundos, talvez.
Porque esse tempo não conta
numa terra sem relógios.
Não sei bem o que verás
através dos olhos teus
mas se tiveres suficiente coração
e uma razoável imaginação
o resto virá por si mesmo.
E se te convido agora,
é porque eu quero que estejas comigo
ultrapassando as fronteiras
de um mundo tão previsível.
E seja lá o que encontrares
será coisa apenas tua.
A única condição é que nada carregues
de teu velho e carcomido eu,
quando, tomando a minha mão,
dobrares a conhecida esquina
ali mesmo, ao final da rua.