DAMAS DA NOITE

I

Belas e misteriosas,

donas da madrugada

Filhas da indecência

nos olhos da sociedade.

A mesma sociedade que a levou para noite

E deflorou a ternura antes do tempo e do amor.

Põem os trajes da noite

que detalham seus corpos

e usam a máscara tentadora.

A boca gesticula com paixão

e o corpo fala mais alto,

num ritual prazeroso.

Saciam a sede de viver

extraindo o néctar de momentos.

Amadurecem mais cedo

Pisoteiam a dignidade,

mas são dignas no querer.

II

Deságuam em um novo mundo

onde o dinheiro compra a felicidade,

mulheres e diversão.

Perdem a noção de valores,

compram marcas

e submetem-se a infelicidade para não perdê-las.

Podem percorrer o mundo,

olhar de cima, ditar regras,

mas sorriem descontentes

e escondem o passado

na maquiagem carregada.

Solitárias

num mundo agitado, alegórico, vazio...

Buscando uma razão para viver,

um sonho para cultivar.

Mas quem poderá julgá-las?

Terá que provar a existência de um Deus soberano,

não cometer erros,

ser o dono da verdade.

(08/09/1996)

João dos Reis Filho
Enviado por João dos Reis Filho em 17/02/2014
Reeditado em 22/02/2014
Código do texto: T4694424
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