DAMAS DA NOITE
I
Belas e misteriosas,
donas da madrugada
Filhas da indecência
nos olhos da sociedade.
A mesma sociedade que a levou para noite
E deflorou a ternura antes do tempo e do amor.
Põem os trajes da noite
que detalham seus corpos
e usam a máscara tentadora.
A boca gesticula com paixão
e o corpo fala mais alto,
num ritual prazeroso.
Saciam a sede de viver
extraindo o néctar de momentos.
Amadurecem mais cedo
Pisoteiam a dignidade,
mas são dignas no querer.
II
Deságuam em um novo mundo
onde o dinheiro compra a felicidade,
mulheres e diversão.
Perdem a noção de valores,
compram marcas
e submetem-se a infelicidade para não perdê-las.
Podem percorrer o mundo,
olhar de cima, ditar regras,
mas sorriem descontentes
e escondem o passado
na maquiagem carregada.
Solitárias
num mundo agitado, alegórico, vazio...
Buscando uma razão para viver,
um sonho para cultivar.
Mas quem poderá julgá-las?
Terá que provar a existência de um Deus soberano,
não cometer erros,
ser o dono da verdade.
(08/09/1996)