Reminiscências do que ainda não vivi...

A vida está sempre mostrando

que minha praia é aqui, onde estou...

Ah...mas como fica então, essa vontade de viajar

e navegar pelo mundo afora?

Apreciar montanhas em outras latitudes,

pisar na branca neve com pesados sapatos de alpinista?

Ouvir vozes suaves ou ásperas, falando em idiomas desconhecidos?

Emocionando-me por compreender tudo,mesmo sem traduzir claramente a linguagem?

Sentar-me à beira de lagos tranparentes que só se vêem nos filmes...

vagando por outras terras de perfumes exóticos,jamais sentidos antes?

Ah...essa vontade estranha de estar em outro lugar

e ser o que nunca fui...talvez uma audaz aventureira...desconhecida de mim mesma...

Mas de repente me lembro:...que a minha praia é aqui...onde todos os dias durmo e acordo

ouvindo as ondas inquietas que trazem notícias excitantes das terras distantes...

No entanto, ouvindo o rumor tão familar dessas ondas recorrentes...me vem à memória a imagem de meus ancestrais

aqueles que não se conformaram em ficar ancorados à areia, só olhando o mar...

Renasce, então, o desejo incrustrado na alma, como o som aprisionado na alva concha...

e, apertando-a junto ao ouvido, ouço o chamado...do vento, do tempo perdido, do além-mar...

Um eco longínquo de antigos sonhos que ainda não vivi...

É quando vem um inconformado sentimento de não pertencer a esta praia...

Como se aqui eu fosse a estrangeira...a turista aprisionada do outro lado do mundo.

Sem passagem ou passaporte...mas,só esperando o tempo certo de voltar pra casa...