O CONFLITO
O CONFLITO
Vai ficar o escândalo do mito
no abafado grito de desespero,
no vândalo conflito
espalhando seu hálito,
seu hálito mesquinho.
Erro ao falar mito,
esquisito é tudo
que se passa ao redor.
Tanto pior ferve o coração
e a cátedra da rua
firma sua canção anti-canção.
Fraca é a constituição rebelde
que quando afirma
logo leva um empurrão.
E no passo a passo da rua
o mesmo espaço
ensangüentando no chão.
De lado, o corrimão do tempo
fixo a martelar
o desespero de um sentimento
devastador.
E o amor encerra a sua balada
porque a bala foi desferida
e o ferimento era um interminável
lago suicida na terra.
Logo a chuva não aboliria
o escravo que no mínimo da luva
recebia o seu soco.
Pouco a pouco, tudo recomeça
e a mesma vulgar peça
é mexida por seu próprio
impulso de desencanto.
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é outono de 2007.