De Compostela VI

Às vezes, sem o esperar,

e não por perto da praça

onde o aroma de frutas, legumes, óleo de linhaça,

vencendo o afumado cheiro da velha madeira

que nos fornos da Finsa mortos pinheiros queima,

e não pelo incenso beato que cuspe o crego a diário,

nem pela humidade do circunspeto confessionário,

tampouco pelo marisco que as lanças estressando

bate contra as vitrinas aquários da rua do Franco,

talvez por melancólicos sinos de pianos extraviados

já para sempre com o leste do Letes identificados,

chega a Compostela o cheiro salgado do mar.