BELO HORIZONTE
Acordo cedo,
Vou atravessar a cidade.
Pare!
Peste atenção...
O sinal abriu,
O ônibus avança
e as pessoas se equilibram no corrimão.
Os celulares são os grilos de outrora.
Trocam de bolso a carteira,
há um rosto suspeito.
O executivo ajeita a gravata,
mendigos pedem esmolas,
vendedores abraçam com os olhos
e vagabundos segredam devaneios.
Já é noite,
Vou atravessar a cidade.
Vão acendendo as luzes dos edifícios,
Fortalezas da privacidade.
Garotas bonitas esperam nas esquinas
para colherem frutos de aventuras passageiras.
Mães aguardam seus filhos
que se lambuzam na madrugada.
A televisão confunde a nossa cabeça,
“gambés” aguardam chamadas,
homens bebem às suas frustrações,
revivendo histórias e brindado a elas.
(10/02/1997)