ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU
Tantas vezes
Tateei no escuro
Uma porta,
Um aparador,
O canto da mesa,
O vaso de flor,
A poltrona...
O interruptor!
Mente, minha mente,
Compreendo o que mentes...
Na casa, depois da mudança,
Entro à noite sem energia.
Em vão tateio tudo
O que não está mais lá:
Vazio.
...Era aqui!
Prossigo arrastando os pés,
Ouvindo ecos:
E se não houver mais o chão?
Sinto o abraço dos fantasmas que atravesso:
Passei pela mesa!
Minha canela tem medo da quina
Que não está mais lá.
Percebo que a hora é de aprender
E paro antes dos disjuntores.
Dou meia volta,
De olhos fechados
Vou até a geladeira,
A minha cadeira,
O telefone,
O livro,
Minha caneta,
O CD do Pink Floyd,
Vangelis,
Deito no tapete...
Todos os mortos
Perfeitamente vivos: espaciais.
Então é assim
Que mentes para mim!
Então é assim
Que me manterás cativo
Ao mundo dos vivos
Quando eu mesmo
For apenas memória de mim!
Tenho a certeza de apenas as paredes brancas,
Na hora da luz,
Desmentindo os meus sentidos iludidos
E ainda arrepiados com a descoberta.
Abro os olhos, bato a chave: dou um grito!