ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU

Tantas vezes

Tateei no escuro

Uma porta,

Um aparador,

O canto da mesa,

O vaso de flor,

A poltrona...

O interruptor!

Mente, minha mente,

Compreendo o que mentes...

Na casa, depois da mudança,

Entro à noite sem energia.

Em vão tateio tudo

O que não está mais lá:

Vazio.

...Era aqui!

Prossigo arrastando os pés,

Ouvindo ecos:

E se não houver mais o chão?

Sinto o abraço dos fantasmas que atravesso:

Passei pela mesa!

Minha canela tem medo da quina

Que não está mais lá.

Percebo que a hora é de aprender

E paro antes dos disjuntores.

Dou meia volta,

De olhos fechados

Vou até a geladeira,

A minha cadeira,

O telefone,

O livro,

Minha caneta,

O CD do Pink Floyd,

Vangelis,

Deito no tapete...

Todos os mortos

Perfeitamente vivos: espaciais.

Então é assim

Que mentes para mim!

Então é assim

Que me manterás cativo

Ao mundo dos vivos

Quando eu mesmo

For apenas memória de mim!

Tenho a certeza de apenas as paredes brancas,

Na hora da luz,

Desmentindo os meus sentidos iludidos

E ainda arrepiados com a descoberta.

Abro os olhos, bato a chave: dou um grito!

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 02/05/2007
Código do texto: T472549
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