Estrangeira
Estrangeira, cheguei aqui
vinda de não sei onde...
sei apenas, que na bagagem
trouxe comigo sonhos e imagens,
ecos de um passado distante
que só a mim parecem falar.
Cheguei meio atrasada,ofegante,
pela longa caminhada...
e os rostos, que pareciam novos
na verdade, quase os reconheci.
no entanto, um suave véu de esquecimento
não me permitiu dar-lhes o nome
de antigamente...
e isso bem a tempo, eu percebi.
Das terras de onde vim
não guardo nítidas recordações.
Se era o Paraíso, não sei...
Mas há coisas de que sinto saudades
sem saber exatamente o que eram...
talvez, reconfortantes amizades,
olhares repletos de ternura
o amor aguardando o reencontro...
um constante e persistente "dejà vu"...
Estrangeira,sigo trilhas deste mundo
buscando indícios de uma terra perdida,
em olhares, sorrisos e vozes...
Às vezes penso te-los reencontrado.
E detenho-me em meio à estrada
entre confusa e emocionada...
Para ver, logo em seguida,
que tudo não passa de miragem.
Então, recolho minha bagagem.
E, como se fora nativa daqui,
copio o mundo e deixo-me copiar.
Só pra fingir que entendo a linguagem.
só pra fingir que já encontrei
tudo que eu vim procurar.