Além de toda razão

Quando a noite caiu, eu te olhei

e vi uma bela imagem...

desenhando-se na escuridão.

Ali flutuava a nau da poesia

em que decidi embarcar,

além de toda razão...

Noite adentro, madrugada afora,

mantive tua imagem sem retoques

e os versos inundaram todo espaço

ocupando o vazio assustador

então não precisei de vãos motivos

para inventar um grande amor.

Assim, quando chegou o dia

e os primeiros raios de sol

vieram clarear a tua imagem

o mal já estava feito:

o bem querer já havia plasmado

tudo que o ventre da noite

silenciosamente gerou.

Então, permiti que a luz mostrasse

a crueza da imagem que eu criei.

E, ao meio dia, sem disfarce

apareceu tua verdadeira face

Que sob o sol ardente me seguiu

como sombra de mim mesma...

até o entardecer...

E, quando, de novo, a noite caiu...

eu revi, fascinada, tua bela imagem

refazendo-se na escuridão...

Ali me aguardava a nau da poesia

em que mais uma vez embarquei

além de toda razão...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 22/03/2014
Reeditado em 23/08/2016
Código do texto: T4738933
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