O Homem na Barca

O homem na barca

Possui linhas na pele do pescoço, nariz adunco,

Seu olhar fraqueja mas não resseca frente ao vento.

O cabelo grisalho enverga conforme o avanço,

A fivela do relógio fica para fora

Que é para o tempo correr para dentro

E não escorrer para o mundo.

A camisa listrada azul, a mala preta na mão esquerda.

A coluna de quem não cogita

Tombar senão erguido

Frente ao desconhecido

Dos olhos alheios,

Dos olhos do dia

Que se revolve em borrifo crepuscular

No painel do infinito em círculo.

Senti-me conectado ao homem na barca.

Quis filmar o homem na barca.

Quis dizer ao homem na barca que ele era um elogio às coisas vivas,

Uma lembrança de como nos trançamos

Hélices

Mãos

Motores

Na soberba malha-músculo, tapeçaria pulsante dos seres e dos deuses

A pousar entre o Chão, o Céu e a Dúvida

Em marcha leve por sobre as praças

Na dispersão

De quem existe em claro.

RF

12/09/2013

Rodrigo Fróes
Enviado por Rodrigo Fróes em 25/03/2014
Código do texto: T4742619
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