INQUIETUDE

Hoje, o vinho me caiu bem

e a comida, num justo paladar,

digeriram uma tarde

que se fez completa.

Aparentemente...

O som não desafinou.

A letra preferida

coloriu a alma.

Não exatamente...

Mas foi preciso mais!

Onde está o absoluto

que sintetiza tudo?

Mas por que esse desejo

se o curto raciocínio se basta?

A fome de completude e

a sede de totalidade

contrastam-se com a

precariedade do

entendimento.

Maldita percepção

da concreta condição.

Voa o sanhaço

em puro exercício do instinto...

Gateia o felino

em ritual não dissecado.

Mas por que de cada pulsação

exige-se uma explicação?

Especula-se tudo

de modo compulsivo

antinatural,

sobrenatural,

artificial.

MARCO ANTONIO BREGONCI
Enviado por MARCO ANTONIO BREGONCI em 29/03/2014
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