Baratas
Asas que farfalham, que rasgam o silêncio
Que acompanham o mais íntimo acalento
(Tardio e sonolento)
Onde a loucura dos sentimentos
Cria a teia de amargura, que captura
As criaturas de cor escura.
Se alimentam de minhas lamúrias, ternuras
E, com o tempo, me fazem bem por perto.
Não digo nada, apenas olho, com afeto,
Para os bons insetos, sem frescura.
Não estou querendo cura, nem ajuda.
Tua piedade, pra mim, é esmola podre.
Ficas longe e inala meus odores
Pra que não te infecte com minha fúria
Por que, com satisfação, matas
Aquilo que tá debaixo dos teus pés?
Deixa livre, então, as baratas
Para que fujam do nojo que tu és!