O LIVRO DERRAMA

O livro derrama

suas águas em mim.

E vou navegando

por entre metáforas

em barcos rimados

de estrela e sol

poeira e vento

e flor e lamento,

perfume, jasmim.

E eu sou floresta

de fadas, gnomos,

e também sou mago,

palavra perdida

buscando sentido

na eira da vida.

Aprendo o silêncio

que brota miúdo

em folha de prata

saudade, quem sabe

timbrada na noite

de lua tão fina

qual brisa menina

feito um vento frio

que corta o peito.

E eu sou silêncio,

também solidão

um poema triste

em busca talvez

do amor impossível

sempre a pervagar

na imensidão.

O livro derrama

suas águas em mim.

Então viro rio,

e és o meu mar,

duas solidões

a se completar.

E a vida é o poema

do eterno amor

que busco encontrar.

(José de Castro)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 04/04/2014
Código do texto: T4756677
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