DOIS CORPOS GELADOS.

São dois corpos gelados se tocando,

Sem artérias pulsantes ou jugular,

Já perdido a faculdade do gozar,

Meramente duas almas flutuantes,

Ao lembrarem da vida em cada instante,

Quando tinha fogosas excitações,

Mas agora não passam de opressões,

Os sentires funestos de dois seres,

O que chamas gentil de frigidez,,

Para mim é a face viva de uma morte,

Mas é fato cada um tem sua vez,

E aqui nem cabe se falar em sorte,

Este é mundo normal da sordidez

E a minha vez coincidente com a tua,

A cada dia neste ato de palidez,

Nos unimos sem nem uma falcatrua.