BENEDICTUS

Última esta benção de mãos

Incertas e fracos gestos de fé

A santidade pesa em meus

Ombros, irmãos, mais que as

Vestes arcam meu corpo

Adeus cristãos de Gandolfo

O Papa se demite, idoso

Peregrino se redime

Deixo a tormenta dos dias

Acolho a quieta paz da clausura

Abdico canônicos papéis e mergulho

Na intimidade acumulada dos velhos

Renuncio coloridas pompas e abraço

O filho do humilde carpinteiro de Nazaré

Nestes dias de anacoreta

Tocarei as cifras de Mozart

O jovem que roçou Deus

Verei a lua sem mediação da fé

Aprenderei com meus gatos

Viver cada dia inteiro

Até o mistério se revelar no pequeno

Quarto do mosteiro em um segundo

Ou Deus segura minha mão ou cairei

Em sono sem sonhos, eterno, profundo.

luiz cezare vieira
Enviado por luiz cezare vieira em 25/04/2014
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