JUNTO DE TI
 
Eu quero esquecer
de tudo aquilo que me cerca,
de toda a vil rotina
que perfazem os meus dias,
da noite insone  e longa,
em que o sol se faz tardio
a demorar-se atrás,
quem saberá, daquela serra.

Eu quero esquecer 
a ambição da mente humana,
o louco pesadelo 
em que os homens se dividem
e, como animais se entredevoram,
se agridem, em fúria violenta,
na cruel e rude sanha.

Eu quero esquecer,
junto de ti, toda amargura,
e me entregar carente,
ao teu abraço comovido,
até que nossos corpos
se misturem confundidos,
e tua seiva brote
explodindo em chamas loucas,
e minha boca esmague
esfomeada, a tua boca.