CABEDELO

Há muito, já, que caminho.

Há muito que me demoro

neste barro quente e duro

por onde andar virou sina.

Andar, dizer-se em fadiga,

quando a sede ainda é nada

significa perder-se

depois de surgida a casa.

Eu ando pelo objeto

de caminhar e saber-se

caminhador sem fronteira.

eu ando pra que não chegue

o lugar que desconheço.

Eu ando como encantado

à margem desabitada

e escura do rio primeiro.

Eu ando como um menino

em busca de um sol inteiro.

Benilson Toniolo
Enviado por Benilson Toniolo em 05/09/2005
Código do texto: T47839