HÁ TEMPO

Há tempos não durmo bem,

Há tempo demais em sobras,

Há tempo em que a chuva cai, também...

Momentos que os joelhos estão em dobras...

E a seca se esvai.

Há horas espero uma gota,

Há séculos, nesta solidão.

Castigo amigo, fiel companheiro...

Alado cavalo ao chão...

Há tempo em que o céu é negro...

Noite fria, há tempos não esquenta...

Entre os quarenta graus desta terra, não há quem aguenta...

Há tempo que choro e há tempo que inventa...

Há tempos a terra é seca...

Há tempos, bem longe dali...

Uma terra de corre corre constante,

Há tempo em que tudo pára...

Há tempo em que tudo continua errante...

Há tempo faltando para tanto figurante.

Há tempos o mundo gira...

Há tempos a chuva cai...

Há tempos as coisas piram... viram e reviram...

E alguém permanece ou cai...

Há tempos o verbo haver...

Onde há de ter muito tempo...

Onde há de ser um momento...

Ou onde há sobrando, faltando um invento...

Se invento... há tempo...