Pêndulo

Quase alcanço com minhas mãos

quase tentáculos.

Mas ainda é noite nesse manto cravejado.

Estou lendo “Oráculos” e estamos em maio

quando a estação entra pelas frestas

e quase num presságio muda o cenário

nesse azul noturno como pano de fundo

bordado de ausências.

Meus olhos ardem no vento

e quase sinto o gosto das palavras

na ponta dos dedos tocando a ponta da língua

tocando o céu que quase alcanço.

Mas é pêndulo e eu não me canso.

Ainda é noite nesse balanço

quase ouço as cordas

mas são os ponteiros

do meu relógio sem hora.