O ... Zé...

Engasgaram-no com discursos mórbidos, deixaram-no tão atordoados que o mesmo não sabe mais quem é... O condenaram as grades do viver vagando sem terras para plantar. Ainda por cima classificaram-no de: algum: “ista”, até mesmo de comunista.

Na sua certidão não teve nascimento. Ele apareceu de certa dona sem estado civil; outra qualquer que deitou por acaso e se engravidou de tal macho... Quem é? Perguntem aos senhores do social. O dito não pode ser batizado, justamente porque seu nome era apenas um... Monossílabo. O Zé... Assim o chamam.

Este irreverente cidadão casou-se; a mulher dita era marcada para outro destino, porém cruzou-se com a poeira do Zé.

Os filhos!

Não houve...

Ele era estéril, mas tarava as voltas da vida com sua coragem de quem não tem raça... Era apenas mais um... Brasileiro.

Cara pálida, esquelético, descolorido, calvo, tono e nu... Assim traçavam as suas características físicas.

Zé foi a escola aprender um tal de BÊ a BÁ... Nada conseguiu, senão, um outro pseudônimo... Sua mestra o chamou de: burro. Ele não importou, lutou; vegetou com o pouco de capim que lhe ofereceram desde a infância.

Ele ficou velho, trêmulo e mudo; mas o dito continuava assombrando a todos com aquele jeito de quem deambula com cara de defunto vivo.

Mesmo assim o condenaram. Sentença? Pena de morte.

Fome... Miséria e profunda tristeza.

Razão?... Simplesmente: O Zé parava para pensar.

Adeus Zé... Durma em paz, mas não pare de questionar.

Pense, viu?

Eugênio

Eugênio Costa Mimoso
Enviado por Eugênio Costa Mimoso em 17/05/2014
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