HARPEJOS * Cantares... (10)

Eu canto, meu amigo, o tempo escuro

das raivas, das vergonhas e dos medos,

o tempo que jazia no monturo,

ferido de sevícias e degredos...

Eu canto, meu amigo, as incertezas

da noite das angústias e das dores,

as trevas que negavam as belezas

do branco que sublima as várias cores...

Eu canto, meu amigo, o canto triste

que tu conheces só de ouvir cantar,

que foi uma não-vida sempre em riste

querendo a vida em dor decapitar...

Eu canto, meu amigo, o fel da história,

para que saibas tudo sobre nós,

para que fique viva na memória

o drama dos que não tiveram voz...

Eu canto, meu amigo, o teu advento

no tempo que te damos livre e são.

Que saibas ser, agora, o nosso alento,

cantado em versos de alma e coração...

22 de fevereiro de 2005. Lisboa * Portugal

(Do livro a publicar "HARPEJOS"

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 06/09/2005
Reeditado em 29/07/2018
Código do texto: T48097
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