Conexão
Para explorar
E debulhar as fases
Frágeis da mente.
Se canto o que não quero minha musa
Não me estimula a continuar meu canto
Condena meu tom de mudo me acusa
E nem entende minha pauta em branco.
Se quero o que não vivo minha pauta
Transcreve as ambições acidentais
E o ambiente amargo da vida que falta
Consome meus riscos emocionais.
Se vivo o que não morro minha vida
Desnuda o ócio processa meus genes
Diz displicente que não tenho saída
Que se não morro não nasço também.
Se morro o que não sei por displicência
No inferno das fendas inexoráveis
Preciso dos limites da incoerência
Procuro minhas mágoas coaguláveis.
Se sei o que não sofro por precisar
Perceber as veias de minha extensão
Só na cápsula consigo chorar
E só chorando me sinto no chão.
Se sofro o que não posso minhas veias
Se dilatam consumindo meu orgulho
E um poço de dores na alma vagueia
Com um padrão do medo que debulho.
Se posso o que não faço meu padrão
Não corresponde a minha onipotência
É mais fácil corromper a razão
Que fracassar tragando consequências.
Se faço o que não penso meu fracasso
Inicia a realidade do conflito
Sinto-me o fantasma do meu embaraço
No fragmentado mundo de meus mitos.
Se penso o que não prendo meu fantasma
Não me destrói porém não me consola
E o peso desse inevitável plasma
Sedimenta marca mágica da hora.
Se prendo o que não firo minha mágica
Motivo profundo dentro de mim
Convulsiona-se de maneira trágica
E explode revelando-se o seu fim.
Se firo o que não vejo meus motivos
De elaborar e compreender o fato
Tanto me torturam se não consigo
Mas engano minha faca e me mato.
Se vejo o que não fujo minha faca
Que construiu torres e uma catedral
Para fugir do vinho e da ressaca
Ressalta um virgem estado moral.
Se fujo o que não falo minha fuga
Restaura na parte um todo distinto
E dentro do todo o tudo subjuga
Uma missão frágil de um nada instinto.
Se falo que amo não falo do todo
O amor que se move nas paixões tensas
O indelével amor fonte de um lodo
Que cristaliza as verdades suspensas.
Se amo o que não tenho minha verdade
É preservar o espelho que me engana
As luzes condenam a outra metade
Pois é difícil admitir que se ama.
Se tenho o que não mostro minha luz
Uma específica questão pretérita
Revela-me como extrair da aura o pus
E esteriliza uma tese esotérica.
Se mostro o que não canto minha tese
Na reação da noite desfaz a lógica
Interrompe histéricas histereses
Minha ode é minha musa psicológica.