Ninguém percebe...
Ninguém percebe o cantar daquele pássaro,
Ninguém percebe a beleza da canção,
Ninguém percebe a frieza deste aço,
Nem que é tão triste o chegar da solidão.
A beleza deste céu já foi perdida,
Não percebida e flagelada por aquele
Ignorante sentimento de repulsa
Por tudo que é divino e puro.
Foi-se o tempo em que o coração do homem
Amava o belo e prezava pelo bem
Hoje é fagulha do que já foi um dia:
Luz de beleza em puro clarão
É poça d’água resquício de chuva fria
Aurora sem sol, noite sem luar
Pássaro sem cantar,
rosa que não brota,
luz que não se ascende.