AUTÓPSIA DE POETA

Vejam senhores

no poeta

estes sinais

característicos:

Este verso

cicatriz

rasgada no amplexo

de duas rimas

aliterações desmedidas

corta de vida à vida

o poeta morto

Este outro

ferida pustulenta

transpassa e

explode

num poema

onde a ode

não passa

Mais um:

verso-calo

talvez causado

por um pisão

de seu alter-ego

ou de sua

vã consciência

quem saberá?

Talvez doesse

nas noites de frio...

Examinando melhor

vemos outros:

um efizema verbal,

um verso abortado

ou parido à fórceps

num circunspecto vadio

como o próximo:

Uma úlcera lacerada

perfurada entre tantas

que nascem

a cada dia

Mas este verso

riso sarcástico

mezzo irônico

mezzo clown

que perdura

na face...

O que pode ser?

DARWIN FERRARETTO

DARWIN FERRARETTO
Enviado por DARWIN FERRARETTO em 06/09/2005
Reeditado em 06/09/2005
Código do texto: T48117