No final da tarde

No final da tarde os anjos se sentam na varanda

trazem xícaras celestiais

cânfora e um dedo de prosa para minhas dores

afagam meu cansaço de homem comum

alma frágil

fazem de estrelas vespertinas as lágrimas profundas

para meus medos

oferecem suas asas abertas

expõem todos os selos das promessas divinas

prometem ranger de dentes aos inimigos

exóticas flores acalmando os corações inseguros

luz que atravessa séculos

e quando partem

no final da tarde eu me percebo sozinho

sem sonhos e máculas

pássaro solitário

devorando a placidez dos olhos do infinito.

Rogério Germani

Rogério Germani
Enviado por Rogério Germani em 20/05/2014
Código do texto: T4812882
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