UM POEMA VEIO ME HABITAR HOJE

Um poema veio me habitar hoje.

Chegou de surpresa, como aquele amigo distante,

que não se vê há muito tempo.

Entrou como uma brisa suave, feito pássaro a buscar abrigo.

Trouxe-me lembranças de infância.

Reinaugurou a nostalgia de perfumes de jasmim.

Um voo lépido de borboleta colorida e canções de alecrim.

Brincadeiras infindáveis nas noites de luar.

Ruas poeirentas, pés descalços, bolas de meia, alazões de pau a cavalgar.

Barquinhos de papel, bolinhas de gude, pipas no céu.

Uma tanajura, um colibri.

Um regato a correr por entre pedras, barrancos e capins.

Pequeno grande poema que me faz sentir de novo criança.

Meu coração é tua casa.

Vem, fica comigo. Porque lá fora chove.

Mas aqui dentro há um rio de sol que brilha em versos.

Sete cores, sete emoções, mesmo sem métrica e sem rima.

Poemas podem ser canções de afagar arco-íris.

O poema então fica.

E me habita.

E o poema brilha e dói e sorri meio triste aqui.

Hoje é dia de comunhão com as estrelas.

Solitude é o dom que faz adoçar as ternuras.

As intangíveis ternuras dessa saudade que,

sob a forma de poema, vêm fazer morada em mim.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 25/05/2014
Reeditado em 31/07/2014
Código do texto: T4819154
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