UM POETA UM LIVRO UMA RESMA UMA CISMA UMA REZA

Domingo: o que fazer? é simples a resposta: ler

não um livro qualquer, uma resma de poemas

um livro alívio, aliás, um ah! lívio livro, uma alegria ler

lívio oliveira azeitona verde poesia madura

que trinca nos olhos a beleza da poesiaprosapura

que navega pois tudo começa num barco numa barca

que abarca a cidade e engole as vaidades e segue sem prumo

sem rumo em todas as direções impossíveis pois os olhos

também viajam e enxergam por dentro das miudezas dos grandes

e faz tudo ser uma aldeia gostosa de se morar e de se mirar

e de se maravilhar nesse mar bom de se navegar por entressaltos

entretantos e tantos caminhos carinhos de palavras que singram

sangram e consagram sem olvidar os sons ouvidos feito ecos

ancestrais que chegam e per-passam sem querer passar

e que ficam aqui presos feito nó na garganta que quer desatar

em choro silente de tantas andanças que ainda faltam para se chegar

a lugares incertos que a poesia pode nos levar

e nos leva de leve essa brisa que sopra incessante ante tanto

que se ainda há de se dizer no puro silêncio das frases inauditas

em naus ditas soltas velas ao vento das estrelas astrolábios

dos lábios que tateiam esse braille das palavras que bailam

e tocam em bailes bailados das lembranças ternas

de uma casa materna a visitar por entre as sombras do que sobra

do sobrado que assombra de tanta beleza nos seus baús de sonhos

de um domingo se abrindo em resmas de poemas quaresma de tantos

dias santos que pede leitura de poesia pura e a gente jura que

não vai mais largar de lado o livro barco cais de tantos haicais

e outros que tais quintais onde me ancoro e de alegria,

pura alegria, choro e moro no mesmo lar

do poeta que me livra do tédio de um dia santo feito esse domingo

que pede leitura de poesia pura enquanto não chega outro dia

que nos emprenhe o sonho de também ser poeta

e só assim a vida se atura in natura crua feito barco de palavras

resma poesia solta feito reza presa na garganta

que jamais se espanta nas trilhas (in)certas

velas abertas asas de pássaro afoito abrindo clarões de luz

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Para o poeta Lívio Oliveira, que lançou recentemente em Natal/RN, o livro RESMA, edições de autor, abril/2014.

Lívio Oliveira é escritor e poeta e já foi presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/RN.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 25/05/2014
Reeditado em 25/05/2014
Código do texto: T4820039
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