A pena e a lírica

Sou ausências das vontades vãs

Essências vazias de atavios

Nonsências sem tidos meus

Sou a lírica sem a pena

A lírica caótica, rainha amarela

O silêncio em meio a orquestra cotidiana

A alma velha a soluçar solteira

Sem pena que lha imprima

Um barco sem vela, sumindo mar a dentro...

Sou a lírica sem lugar, singular na multidão

Mal amada, mal acabada, um aborto!

A lírica cuja pena morreu a muito

Uma menina órfã caminhando sobre escombros

Sou o nada, a coisa nenhuma, o não-ser

Sou a neta cuja filha da mãe foi amaldiçoada pela avó.

Sinto falta da pena, da mão, do tinteiro

Sinto o cheiro do velhíssimo papiro

Sinto saudades que não são minhas

Sinto vidas que já me foram

Sinto que agonizo, que suspiro, AINDA!

Adailton Almeida Barros
Enviado por Adailton Almeida Barros em 26/05/2014
Código do texto: T4820658
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