Jantar a Dois

Os dois estão sentados

Numa mesa discreta do restaurante.

Parecem nervosos. Ela ensaia

Chorar, mas se posta como estátua.

Artérias pulsam freneticamente.

Ele permanece mudo,

Suando frio, planejando como dizer.

Uma bigorna amarrada ao pescoço.

Um homem e uma mulher

Que se acharam no carnaval.

Uma conversa onde palavras

São rasas demais.

O corpo fala, tremula, gagueja.

(O garçom interrompe a cena

para servir a água mineral.)

Os dois se perdem frente às faces,

De tanto sentimento que nutrem.

Dos olhos saem hologramas

E as visões se esbarram.

Ela pede que ele se abra,

Ele se vê sem saída e desabafa:

- Eu estou grávido... E o filho é teu!

Felipe Melo
Enviado por Felipe Melo em 20/02/2005
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