A flor do Amor
As noites, mesmo sozinha nos nutri de amor;
Mesmo cansada, da lavagem de roupa, com as mãos calejadas inúmeras vezes embala o nosso sono...Em que tempo for, mesmo doente vela nossa dor;
As noites, mesmo conhecendo a gente, sabendo dos nossos passos
Não sossega o coração de temor, enquanto não nos vê adormecidos em casa.
A cidade cresceu e se fez uma selva,
Os homens ai fora, cegos procuram a matéria e se apegam as luzes de qualquer esplendor,
O amor que nos embalou, apenas segue, diríamos que segue morrendo.
Porque os filhos correndo na vida vão pelas ruas se esquecendo de tudo...
Porque os risos nas esquinas, bares e prisões são de incontáveis prazeres...
Mas as noites ela ainda está lá e caminha a janela vendo os carros de um lado para o outro passar...
Ouve gritos, sussurros e injustiças de uma escuridão que vence o dia.
Em seu canto, tolhida de seu mundo ela segue e acontece na vida
Lembrando cuidadosamente da saudade, que aperta asfixiando o peito.
A casa está vazia e o coração quieto, entre o tempo e o vento pulsa em agonia, enquanto os Olhos, quase sempre razos d ' água desabafam lágrimas numa tristeza fria.
Não há mais alegria e a única certeza, apesar de um fio de esperança. É que, a morte não Seja dessa vida a única caridade reservada.
Não há mais um beijo na fronte,
Não há mais ninguém pra conversar ou convidá-la a passear
E as flores que antes batiam a sua porta, ficam de longe no jardim como vulgar.
Ninguém diz mais eu te amo, tampouco alguém vem visitar.
A juventude já não é o seu forte e
A palavra já não se expressa da boca com o mesmo norte.
As pernas fracas se arrastam e precisam de apoio nas paredes para andar.
Os cabelos esbranquiçados escrevem soturnos, que a idade avança.
As mãos envelhecidas dão termo a Luz do candeeiro, que não se acalma com a brisa do rio adolescente, que quer brincar
Ai que Saudade...
Saudade da Maria, do João, da Luzia...
Onde estão os filhos, que não vem à mãe, ao menos, para abraçar?...
Hei!...Mãe tem alma e sente dor...
Se não sabes, ela é a maior expressão viva de amor.
Pela causa, filho, seja negro ou branco,
Índio ou caboclo;
Deus ou demônio...
É capaz de morrer sem dizer, qual mal por eles a consome.
Agora não há em seu colo ardente a frágil criatura, que precisa vestir, que precisa banhar, Que precisa de futuro, que precisa de carinho.
Ah meu Deus!...Ela, nesse momento é quem precisa de ninho.
E o que há, como lembranças,
São essas datas marcadas...
São esses presentes, imensos embrulhos, que a gente teima em inventar.
Filho!...Mãe foi feita para amar.
Vamos voltar pra casa e sermos, antes que o dia termine, outra vez família!