Uma taça de veneno para mim
Noutro dia disse o que é odiar
Odiar é como viver um dia sem ar
É amar ao contrário e com acidez
É sorver dum líquido frio amargo cortante
Odiar é salivar fel a cada instante
Gritar em silêncio sem parar
O fim outros não sabem.
Quem experimenta sabe o deserto que é
Calor escaldante e frio cortante em plena aridez
Odiar é desprezar o mel para beber o fel
Cada gota escorrida corta frio como aço
Quero viver sem raiva alimentada
Quero a vida com sabor do melaço
Aos outros tudo de bom, a mim também
Devo entregar a taça de veneno ao nada
Onde ninguém a tocará
Ninguém a sorverá
A ira secará no tempo
O ódio irá embora com o vento