AMIZADES
Amizades são como barcos no cais:
parados, aguardando a hora de partir.
Ninguém sabe ao certo quanto tempo ficarão ali, imóveis, apenas para cumprir sua função:
chegar, descarregar, carregar novamente e partir.
Quantas pessoas passaram por nós como esses barcos?
Vieram, descarregaram todo seu conteúdo, levaram um pouco do nosso consigo e partiram?
Algumas, como os barcos, retornam de tempo em tempo
nos enchem de alegria, de medos, angústia, felicidade e lá se vão novamente...
Porque criamos (ou será que falo só de mim)
esse antídoto contra partidas?
porque, na chegada, já me encho de lágrimas?
Porque, ao descarregarem, já me encho de saudades?
Não poderia eu desfrutar da visita, a troca de experiências e as deixar partir, esperando que voltem?
Poderia eu dar fim a essa mania de nem sequer me aproximar?
Quem sabe as vezes devesse eu viajar junto apreciando a paisagem, conhecer novos lugares, aproveitar, me divertir e então voltar.
E então compreender que aqueles barcos lá no cais são como as amizades:
alguns vem, outros vão
alguns ficam, outros não
alguns deixam histórias,
alguns deixam memórias.
Alguns deixam saudade,
outros já vão tarde.
Esse é o meu mundo,
esse é o mundo real
é só a vida: tão simples e tão banal
Não é tristeza,
não é saudade.
É nostalgia, é realidade
12/01/14