POEMIX

o vento bate no coqueiro de jampa

eu penso na pétala da sakura

caindo no japão

a única coisa que une japão

a jampa

é o universo

existe japão em jampa

existe jampa em japão

existe tudo em nada

e nada num pouco de tudo

que vejo nessas bandas

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INDIRETA POÉTICA

não sou máquina de consulta

pra responder sua pergunta

sem ao menos boa noite

me parece um açoite

de falta de educação

me usar e ir embora

não sou máquina de respostas

e nem de consultar preços

mas sai caro pro seu lado

e você paga uma hora...

no final das contas (com juros)

dessa consulta de bosta

me vejo obrigado a (não) responder

o seu não-obrigado pela resposta

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até hoje fui navegador

e me pergunto

como diabos o fire da fox

não queimou ninguém ainda

que tal um explorer lá no...

(no safari ou no saara?)

acho que devo ser chrome

película anti vírus do foda-se

ou uma opera de operações silenciosas...

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um dia me disseram

tu é muito budha-mole

medita medita

e não me edita

(vê se pode...)

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estou do-ente

coisa

(que coisa!)

de ir sendo gente

(melhor ir pro SUS

pirar das letras)

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o improvável supossível

o povo de olhos fechados

desrevendo o invisível

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se o jogador dorme

é coberto pela bola

- toma o teu lençol!

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um belo poema

é como árvore ao vento

pode até se curvar

e fazer referência

pode até se abaixar

e fazer reverência

mas não cai por terra

em nenhum momento

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chora o jogador

bola de leite perdida

- drible da vaca

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eu sou a sopa da mosca

a coisa qualquer do sinal

o ohm da boca do buda

o som

do amém

e o tao

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pra beber

só quero água

água visceral

destilada da mágoa

de vez em quando um chá

pra fazer um coquetel

do que não há

(e quando der vontade

de algo diferente

que tal um suco de lutas

pra gente seguir em frente?)

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mastiga feito feno

ó poeta cavalo

teu poema pequeno

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a gente estamos

numa confraternização

senfraternização

vamos juntos? vamos

porém separados

cada um no seu lugar

querendo comer seu pão

esse tal de dividir

nunca foi comigo não

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celular

mesmo sem dar

o menor sinal

sempre dá

o que falar

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POESIDADE

Ouvi por aí dizerem

que os rios não fazem poesia.

Que a cidade não faz poesia.

Pobres surdos ricos de nada que valha...

Fazia poesia a cidade todo dia...

E fazia tanta poesia

que criava quando ria uma cosmogonia,

recriava o cosmopolita

e matava o amor pela cidade

e pelo rio num engarrafamento.

Trânsitos in versos mutos.

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SALÍRICA

o amor é de tal forma colossal

que abrange do negro das negras nuvens

ao branco das brancas roupas

estendidas no varal

(infinito até que suje

e venham outras lavagens

de brancas roupas sujas)

Dija Darkdija

BÔNUS:

Querido diário,

Hoje o vento flertava com os coqueiros.

Queria ouvir sua conversa, mas o barulho da chuva estava lá,

despistando tudo.

Eu, pitando meu cachimbo e apitando uma corneta

para afastar de mim o mau espírito da melancolia,

me arrependia desse affair, que sumia por meses

e voltava cada vez mais chata do que nunca.

Tenho esses affairs desgostosos com a sinusite, a gripe, o tédio e a melancolia.

Preferia o tempo em que era herói e tietado só por moças bonitas.

Sensei, by Dija Darkdija

Dija Darkdija
Enviado por Dija Darkdija em 28/06/2014
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