Colcha de Retalhos

Em Teus Olhos Repletos de Amor

Vejo Céu e Relâmpagos Sobre Águas do Mar.

Há Uma Certa Serenidade Que Me Completa

Em Meu Mais Dolente Fulgor.

Nasço e Morro Todos Dias No Compromisso de Amar

Esmaga-me o Peito a Dor Funesta

Mesmo Repleta de Amor.

Em Teus Olhos Que Guardaram Tantos Segredos

Assisto a Vida de Muitas Vidas

Refaço Caminhos em Vielas e Tratados

Correndo as Cegas Até Campinas Lindas.

Meus Olhos Guardam Arremates

Cuidadosamente Costurados à Mão

Na Colcha de Retalhos Esplêndidos

Que Tuas Mãos a Mim Ensinou.

Ensinaste-me a Proferir Não!

Não ao Que Fere, Corta e Parte

Assim Sigo em Fuga,

Do Ímpio Que Nos Abate.

Há de Chegar o Dia

Posto Que em Descaso Paro

E Com Teu Ensino Revidarei.

Embates São para os Fracos

Revides Para os Que Entendem.

A Comida Quente ao Centro

Despreza-se Pelo Desdém.

Guarda-se a Comida ao Prato

Pois Pode um Dia Vir a Faltar

Mas Para o Dito Faltar,

Há Sempre Trabalho Para Quem Sabe Costurar.

Minha Colcha Está Quase Pronta,

Teus Olhos Me Observam e Contam.

Minhas Mãos São Macias e Fortes

Minha Mente e Cerne Não Desapontam.

E Quem Diria Maria? Perguntaria a Maria Que Me Ensinou.

Essa Maria Responderia:

Espero em Meu Catre Dourado em Campos Verdejantes

Pelo Que me Devem os Retirantes.

Maria Godoy de Azevedo de Castro Faria
Enviado por Maria Godoy de Azevedo de Castro Faria em 28/06/2014
Reeditado em 20/10/2015
Código do texto: T4861880
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