Colcha de Retalhos
Em Teus Olhos Repletos de Amor
Vejo Céu e Relâmpagos Sobre Águas do Mar.
Há Uma Certa Serenidade Que Me Completa
Em Meu Mais Dolente Fulgor.
Nasço e Morro Todos Dias No Compromisso de Amar
Esmaga-me o Peito a Dor Funesta
Mesmo Repleta de Amor.
Em Teus Olhos Que Guardaram Tantos Segredos
Assisto a Vida de Muitas Vidas
Refaço Caminhos em Vielas e Tratados
Correndo as Cegas Até Campinas Lindas.
Meus Olhos Guardam Arremates
Cuidadosamente Costurados à Mão
Na Colcha de Retalhos Esplêndidos
Que Tuas Mãos a Mim Ensinou.
Ensinaste-me a Proferir Não!
Não ao Que Fere, Corta e Parte
Assim Sigo em Fuga,
Do Ímpio Que Nos Abate.
Há de Chegar o Dia
Posto Que em Descaso Paro
E Com Teu Ensino Revidarei.
Embates São para os Fracos
Revides Para os Que Entendem.
A Comida Quente ao Centro
Despreza-se Pelo Desdém.
Guarda-se a Comida ao Prato
Pois Pode um Dia Vir a Faltar
Mas Para o Dito Faltar,
Há Sempre Trabalho Para Quem Sabe Costurar.
Minha Colcha Está Quase Pronta,
Teus Olhos Me Observam e Contam.
Minhas Mãos São Macias e Fortes
Minha Mente e Cerne Não Desapontam.
E Quem Diria Maria? Perguntaria a Maria Que Me Ensinou.
Essa Maria Responderia:
Espero em Meu Catre Dourado em Campos Verdejantes
Pelo Que me Devem os Retirantes.