tarde no quarto
há tardes em que sozinho em meu quarto estou
frio ou calor, calor ou frio
sozinho em meu quarto. o tempo quebra os compassos
distorcendo os vagos espaços dentre nós
nó cego de marinheiro
azul marinho é a cor mais quente
um bom e ímpar entretenimento
quatro paredes, algumas almas, vinte e um anos (quase 22)
é tudo tão desastrosamente impossível
cobertas e travesseiro, monumentos aprazíveis
vento levando canções das montanhas
sozinho em meu quarto estou
à tarde neste quarto, os siris andam pra frente
e as galinhas voam alto
voando alto procurando por minhocas aladas
próximas as próximas estadas vespertinas
que já tem dia e horas marcadas
olá, menina bonita! como você está?
por favor, não me sejas tão tardia...
um acalanto renegando cortinas cerrando os martírios carnais de um ser caído em colchão
um mono-teatro
um canto gregoriano
um vagabundo jogado e largado
procurando consolo aos lençóis deste quarto
neste quarto meus amores naufragados
também circulam em valsa dentre as paredes deste quarto
e dentre as paredes deste quarto
existe um outro mundo
completamente averso e inverso
a este mundo em que nascemos e morremos
e quando a manhã ruir
considere este mundo,
the true real world