tarde no quarto

há tardes em que sozinho em meu quarto estou

frio ou calor, calor ou frio

sozinho em meu quarto. o tempo quebra os compassos

distorcendo os vagos espaços dentre nós

nó cego de marinheiro

azul marinho é a cor mais quente

um bom e ímpar entretenimento

quatro paredes, algumas almas, vinte e um anos (quase 22)

é tudo tão desastrosamente impossível

cobertas e travesseiro, monumentos aprazíveis

vento levando canções das montanhas

sozinho em meu quarto estou

à tarde neste quarto, os siris andam pra frente

e as galinhas voam alto

voando alto procurando por minhocas aladas

próximas as próximas estadas vespertinas

que já tem dia e horas marcadas

olá, menina bonita! como você está?

por favor, não me sejas tão tardia...

um acalanto renegando cortinas cerrando os martírios carnais de um ser caído em colchão

um mono-teatro

um canto gregoriano

um vagabundo jogado e largado

procurando consolo aos lençóis deste quarto

neste quarto meus amores naufragados

também circulam em valsa dentre as paredes deste quarto

e dentre as paredes deste quarto

existe um outro mundo

completamente averso e inverso

a este mundo em que nascemos e morremos

e quando a manhã ruir

considere este mundo,

the true real world

cristiano rufino
Enviado por cristiano rufino em 11/07/2014
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