NINHOS...

Quando o frio aumenta o meu cansaço,

viro ave migratória e volto ao ninho,

onde está guardada a minha história.

Sonhos concretizados,

entre as linhas expostas dos tijolos.

As paredes, entendem o que digo,

sabem segredos e os desejos mais antigos...

E por todo lado, ecoam vozes,

musica e risos, e há o calor

dos beijos e abraços que não se apagam...

Efêmeras, foram-se as flores...

Arvores de raízes fortes,

independentes, ficaram,

só as que endureceram demais

quebraram, ao primeiro vento...

As vi nascer, por meus cuidados

crescer e hoje dão frutos,

sussurram felizes e dançam, ao me ver...

Protegem o meu ninho,

das inclemências do tempo,

e abrigam outros, muitos outros,

de várias espécies multicores,

aves livres, que voam, cantam,

tranqüilas, entram pela casa aberta e saem...

Às vezes pousam quietas

e ficam a me observar,

como a esperar, o meu vôo...

Aqui eu me refaço, simplesmente,

sou mais uma delas, perpetuando,

sonhos, da melhor espécie...