Céu azul

Tem gente morrendo todos os dias...

Em frente as catedrais;

Nas portas dos hospitais;

Nas escolas das capitais.

Como se não bastasse,

Num país de nome,

Tem gente morrendo de fome.

Somos filhos de uma nação,

Mas de tanto nos esconder,

Não sabemos o que fazer.

Tem gente na luta,

Querendo extrair o suor da cara;

Meter as mãos na lavra da casa;

Enterrar o dormente para fazer a estrada.

Eu sei...

Tem gente querendo fazer,

Assim como você.

Para ver no céu azul,

Entre o sol e as estrelas,

Erguida bem alta, a bandeira da liberdade.

E dizer aos filhos do futuro,

Como fazer parte da história de uma cidade,

Sem ter que extorquir mais a desigualdade.

Embora no escuro dos corredores,

Há senhores e assessores,

Que são pagos pelo atraso,

Para erguer os muros,

Que dia a dia,

Em sangria fazem a todos sofrer.

Desse surto infeccioso e insano,

Que envenena e exaure as forças do corpo.

Ainda pode-se ver latente aquele sorriso juvenil,

Querendo viver.

Até poderíamos ser mais felizes...

Se assumíssemos as nossas responsabilidades sociais;

Se nos permitíssemos enxergar a ignorância mais do que a ambição.

Por hora temos que assumir os papeis;

Temos que entornar os toneis;

Cuidar da rua,

Para enfim, termos o controle.

Se ainda ficarmos indiferentes as diferenças;

Se ainda ficarmos sem voz diante da miséria,

Não adiantará de nada reclamar das dores.