Ai meu Deus

Ai, meu Deus, cai em tentação.

Não por fraqueza, mas por contemplar uma das belezas da tua criação.

Sei que és unipresente, mas contarei o fato.

Pois, por minha visão, talvez não me impute esse pecado.

Senhor, quando vi Paloma, o sol ficou ofuscado,

E tudo que eu conhecia por beleza foi desfigurado.

Naquele momento tudo fugiu, mar,

Terra, chuva e vento.

Senhor, ainda que sego fosse, pecaria

Pois, a vi através de sua voz, que as lâminas do vento trazia.

Não a desejei para um ato pecaminoso

Nem para um laço conjugal, isso seria criminoso.

Pois, o resplendor de sua beleza chega a ser angelical

Ao passo que adora-lá, me seria mal

Senhor, enquanto eu viver verei tal cena: olhos tão belos, que mais belos não poderiam ser,

Lábios e voz que se confundem, pois, não posso descrever

Troncos e membros que iguais eu nunca vi, posso dizer

Os cabelos, não como a aurora, mas um misto de ver e sentir, o amanhecer

Pelos olhos de um poeta

Pois só assim valeria a pena

Julgai-me Senhor com a força da tua misericórdia

Mas não apague das minhas lembranças essa cena,

Mesmo que achaste sórdida.

Gilmar Queiroz
Enviado por Gilmar Queiroz em 29/07/2014
Reeditado em 04/08/2014
Código do texto: T4901554
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