Paixão noturna
Uma porta se abriu na trilha da noite triste
Era como qualquer descer aos restos da terra úmida
Pelo caminho que outrora aqueles lábios desconhecidos se entregaram a outrem
Perfumes conhecidos arrebatavam paixões mortiças na latência do ser
Aromas com gosto de escuridão faceira
Como um cão farejador
Ainda a desejarei?
Quantas vezes estarei em ti?
Quantas a procurarei atenuando meus próprios calos?
Aquieto-me a sentir profundidade traição
Agora o elo se parte
O lado negro habita nas entranhas do teu corpo
Se pudesse estender-te-ia a mão
Mas nossas mãos são palavras que se desencontram,
São folhas brancas ansiosas pelas imagens
Tu és flor docilmente amarga
E eu não sei o que sou...
Tu também és desejo e eu ainda não me achei em ti...
Aqui, agora em vão fantasiando dores eu
Dores, sim, elas são gostosas de sentir
Quando o mistério é jogo
Nesta aquiescência vulgar...
...leias-me então
Talvez brilhos nos enlacem
Talvez...
Talvez das palavras
Amanheçamos na mesma trilha
Tu ainda não me conheces
Porque tu sempre passas fugaz
O que fica é o que tenho guardado de ti
Teu perfume e tua entrega à loucura na escuridão...
Mesmo assim... Amo-te!