ESTRADA DA MINHA VIDA

Minha estrada que tão cedo

Mostrava-se tão florida,

Tantos pontos de chegada

E tão poucos de partida.

Muitas alegrias, amigos

De pequeno cultivei

Os parentes, todos vivos

Quantos presentes ganhei!

Juventude então chegando,

Os amores também vindo.

Quantas flores desabrochando,

Na minha estrada florindo.

Sonhos, vieram tantos!

A faculdade, o certificado,

Uma casinha, meu recanto,

Num concurso, aprovado.

O grande amor, a família

Ter meus filhos, um lar,

Mas minha estrada se afunila

Começando a derrear.

Já não há tantas chegadas,

Mas partidas, sempre há.

São parentes que se vão,

Nossos entes mais queridos,

Pai, mãe, amigo e irmão,

Ausências que ficam comigo.

Minha estrada que tinha asas,

Declinando de repente.

É filho que deixa a casa.

Ou alguém que cai doente.

Percebo que minha estrada,

Não parou como pensei,

Quem sabe é minha jornada,

Que se finda e eu não sei?

Olho então pro horizonte,

E vejo a linha mais perto,

Minha vida é uma ponte,

Que leva a um lugar certo.

Sinto que minha estrada,

Está chegando a seu destino,

Já não sofro mais com nada,

Torno então a ser menino.

Volto ao útero, sugo o peito,

Regresso ao lar que já foi meu.

Afago as plumas do meu leito,

Da nova estrada para o céu.