Uma vida bateu à porta

Uma vida bateu

À porta.

Que dia foi? Lembra-se disso?

Em algum momento, deve se lembrar.

Eu me lembro de quando bateu

À minha... Foi num dia de Sol.

Depois, num dia de Chuva.

Depois ainda, num dia gelado.

Gramado branco de pedrinhas de Orvalho

Da Madrugada.

Teve o dia da Lua. E teve o do Vento.

O da Areia foi o mais interessante.

A Vida bateu um dia, outro dia, e mais outro e mais um pouco e tantos outros e ainda bate, o dia todo, a tempo claro ou céu encoberto...

Até quando não quero.

Por isso, agora, penso ter

a porta sem trincos...

A Vida não precisa mais bater.

É só ir chegando...

E se achegando.

E se fazendo.

Dá medo... é fato

Não ter chaves para a Vida

Mas é isso que a faz

Melhor ainda.

Feliz de quem aprende a perder as chaves antes

De quando a Vida precisar bater

À porta.

Lembra – se de quando foi?

(a batida à porta ou o perder das chaves?)

Se não se lembra, talvez seja porque

A porta (da Vida!) tenha estado sempre aberta

Que bom!

(Adriana Luz – em 12 de agosto de 2014)

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