Sem título(77)

Não sei saber a diferença do vidro mastigado

Nem quero saber da ressaca do vinho vomitado

Todo o vinho barato esvai-se na miséria dos homens impotentes

Todo o amor questionado tem a absoluta graça

Na graça de todos os Nobeis de economia e de todos os futuros Nobeis

E tenho a puta da fé de brindar ao Nobel do amor

Ainda hei-de brindar ao Nobel do amor

Amanhã vou comer melão com jarros de vinho barato

Amanhã como pão de terceira

Hoje parto tranquilo

Amanhã as mulheres serão pássaros objectivamente livres

Amanhã estou serenamente olvidado

Amanhã presto homenagem à minha ausência

Dionísio Dinis