CACHOEIRA DE POESIAS
CACHOEIRA
Queria que o meu destino fosse o destino de um poeta:
Fazer poesia, deixar a poesia fluir de dentro de mim,
Como as águas de uma cachoeira
Que são um espetáculo da natureza.
Se, ao menos, por uns minutos, eu fosse o “Patativa”,
Colheria no jardim das palavras as poesias mais lindas
Falando de sertão, noite de lua, colheita, pureza, chão.
E daria vivas à minha Áurea-mãe, a mais bela sertaneja que vi.
Se Deus me desse a graça de ser como o João Cabral
Eu falaria de todos os severinos do mundo,
Em homenagem ao meu pai, um Severino que venceu,
Um Severino herói e pai, um Severino exemplo meu.
Se a natureza lembrasse de mim,
E por uns instantes eu fosse o Bandeira,
Reviraria as palavras, os sons, as rimas, as lógicas.
Ah, se eu fosse o Drummond, (quanto pretensão!)
Não deixaria em paz o cotidiano:
Tiraria poemas de poeiras, abelhas, fios de telefone,
Cartas de cobrança, pneus de carroça, espelhos,
Facas, cores e amores.
E se eu fosse o Buarque, então!,
Nem faço idéia de como seria.
A poesia é a natureza traduzida em palavras.
Mas, nasci José entre os milhares de “Zés”
Desta vida.
Um Zé que queria ser poeta...
... E fazer a poesia fluir
Como as águas de uma cachoeira
Que são um espetáculo da natureza.