Poema para um Amor - VIII

E é assim que sempre me vens

no desdobrar do corpo,

no calor aveludado e sutil,

enquanto meus sonhos perdidos

encontram a mim e a ti.

Não posso imaginar outro momento

que não esse, que me envolve o olhar

quando meu desejo te invoca

e te fazes em mim,

precipício, loucura, suspiro e vertigem.

Não há qualquer gesto meu

que não te traga ao ardor da memória.

Deito-me aos meus pés

e abraço-me a tua ausência.

Em mim, a vaga esperança de que virás...

Mas é no além do possível,

quando dispo o véu das palavras

que meus passos mais me reconhecem.

Talvez acusem-me de delirante,

enquanto sussurro a minha saudade

nos corredores da insônia.

A anatomia dos meus versos

somente se sabe no contorno

das letras do teu nome.

Um dia chegará a manhã possível

e serás mais que todas as palavras

que alinho nos poemas

que talvez não leias.

Regressarás de onde nunca partiste.

© Fernanda Guimarães

www.fernandaguimaraes.com.br

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 10/09/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T49228